sábado, 9 de julho de 2011

Politicamente Incorrecto (1)


Escola Primária Nº1, a primeira Escola Pública criada em Portugal após a implantação da República, com o apoio da Maçonaria.
EDUCAÇÃO


Hoje vou iniciar um conjunto de textos que já tenho pensado há uns tempos e que intitulo “Politicamente incorrecto” por apresentar uma forma de ver os assuntos, em contra-corrente com o que é o discurso actual mas, com o avançar dos anos, já me posso exprimir sem qualquer constrangimento ou receio de ser apelidado de isto ou daquilo. O meu tempo de vida e a minha conduta falam por si e, por isso já não tenho de provar nada a ninguém. Vamos então ao tema de hoje.


Não tenho nada a ver com a Educação mas pertenço a uma família de professores e, no meio deles tenho vivido, pelo que assisto a todas as suas angústias e frustações, a todos os seus temores e impotências, a todas as suas revoltas e a todo o seu cansaço.


A minha primeira noção é de que o sitema de ensino do chamado Estado Novo (ensino primário, liceal e técnico) era excelente. Estava bem estruturado, toda a gente sabia qual o seu lugar dentro do referido sistema e tudo funcionava com regularidade. Em relação aos tempos de hoje, haveria que fazer duas alterações básicas fundamentais: modificar os conteúdos das disciplinas de História e de Português, por motivos óbvios e adaptar os novos conhecimentos às matérias a ensinar; universalizar o sistema, já que no meu tempo era muito restricto o número de alunos que o frequentavam e o que se pretende é que todos o possam fazer.


A segunda noção é de que a parte mais importante do sistema de ensino é o professor! Ele é a referência e ele tem de ser a autoridade. Isto de se tentar que o “aluno é quem determina” só tem trazido indisciplina, anarquia e falta de respeito ao interior das Escolas, bem como o facilitismo e a falta de exigência na aprendizagem.


Em terceiro lugar há que ter a noção que nem todos os alunos podem adaptar-se ao mesmo sistema e que por isso se deve procurar, dentro do mesmo sitema, uma alternativa para estes casos e não, misturá-los anarquicamente numa sala de aula pois a consequência é por todos conhecida: a bagunça total! Como é possível haver numa sala de aula alunos de 9/10 anos em conjunto com outros de 14/15 e com toda a carga negativa que normalmente estes transportam consigo,  o que faz com que toda a turma seja prejudicada na sua aprendizagem.  Posso contar centenas de histórias a este respeito e todas no mesmo sentido.


Em quarto lugar a desmitificação destes governantes que temos tido, no que se refere à conversa da defesa do ensino público. Faz-me rir estas teorias quando confrontadas com as práticas governativas. Por um lado fecham-se escolas com menos de 20 alunos, o que acho uma boa medida, e por outro pretende-se subsidiar a presença dos alunos no ensino privado, no local onde não há ensino público (em breve até parece que será para ser subsidiado tudo o resto), o que aliado ao facto de as escolas públicas serem obrigadas a aceitar todo o tipo de alunos, só irá contribuir para que cada vez mais escolas privadas apareçam (com os subsídios) já que os pais terão tendência a tirar os seus filhos do ensino onde cabe todo o tipo de delinquência e indisciplina e, assim se diz que se defende o ensino público! E é também assim que se quer comparar os rankings das escolas!


Em resumo e para terminar, direi que não teremos grande futuro como País, se não apostarmos num ensino eficaz e exigente e isso não se consegue da forma em que se está.


Entrada principal do Colégio S. João de Brito

1 comentário:

  1. Neste momento só quero mesmo terminar os meus dias de professora com dignidade: continuando a ensinar o que sei e a educar como sei. Não sei é se a minha dignidade se "inscreve" num papel, dos muitos que sou obrigada a conhecer... Temo que as mudanças que são necessárias ao restabelecimento do "habitat" do conhecimento e do desenvolvimento não me apanhem já em vida útil.

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