Escola Primária Nº1, a primeira Escola Pública criada em Portugal após a implantação da República, com o apoio da Maçonaria.
EDUCAÇÃO
Hoje vou iniciar um conjunto de textos que já tenho pensado há uns tempos e que intitulo “Politicamente incorrecto” por apresentar uma forma de ver os assuntos, em contra-corrente com o que é o discurso actual mas, com o avançar dos anos, já me posso exprimir sem qualquer constrangimento ou receio de ser apelidado de isto ou daquilo. O meu tempo de vida e a minha conduta falam por si e, por isso já não tenho de provar nada a ninguém. Vamos então ao tema de hoje.
Não tenho nada a ver com a Educação mas pertenço a uma família de professores e, no meio deles tenho vivido, pelo que assisto a todas as suas angústias e frustações, a todos os seus temores e impotências, a todas as suas revoltas e a todo o seu cansaço.
A minha primeira noção é de que o sitema de ensino do chamado Estado Novo (ensino primário, liceal e técnico) era excelente. Estava bem estruturado, toda a gente sabia qual o seu lugar dentro do referido sistema e tudo funcionava com regularidade. Em relação aos tempos de hoje, haveria que fazer duas alterações básicas fundamentais: modificar os conteúdos das disciplinas de História e de Português, por motivos óbvios e adaptar os novos conhecimentos às matérias a ensinar; universalizar o sistema, já que no meu tempo era muito restricto o número de alunos que o frequentavam e o que se pretende é que todos o possam fazer.
A segunda noção é de que a parte mais importante do sistema de ensino é o professor! Ele é a referência e ele tem de ser a autoridade. Isto de se tentar que o “aluno é quem determina” só tem trazido indisciplina, anarquia e falta de respeito ao interior das Escolas, bem como o facilitismo e a falta de exigência na aprendizagem.
Em terceiro lugar há que ter a noção que nem todos os alunos podem adaptar-se ao mesmo sistema e que por isso se deve procurar, dentro do mesmo sitema, uma alternativa para estes casos e não, misturá-los anarquicamente numa sala de aula pois a consequência é por todos conhecida: a bagunça total! Como é possível haver numa sala de aula alunos de 9/10 anos em conjunto com outros de 14/15 e com toda a carga negativa que normalmente estes transportam consigo, o que faz com que toda a turma seja prejudicada na sua aprendizagem. Posso contar centenas de histórias a este respeito e todas no mesmo sentido.
Em quarto lugar a desmitificação destes governantes que temos tido, no que se refere à conversa da defesa do ensino público. Faz-me rir estas teorias quando confrontadas com as práticas governativas. Por um lado fecham-se escolas com menos de 20 alunos, o que acho uma boa medida, e por outro pretende-se subsidiar a presença dos alunos no ensino privado, no local onde não há ensino público (em breve até parece que será para ser subsidiado tudo o resto), o que aliado ao facto de as escolas públicas serem obrigadas a aceitar todo o tipo de alunos, só irá contribuir para que cada vez mais escolas privadas apareçam (com os subsídios) já que os pais terão tendência a tirar os seus filhos do ensino onde cabe todo o tipo de delinquência e indisciplina e, assim se diz que se defende o ensino público! E é também assim que se quer comparar os rankings das escolas!
Em resumo e para terminar, direi que não teremos grande futuro como País, se não apostarmos num ensino eficaz e exigente e isso não se consegue da forma em que se está.
Entrada principal do Colégio S. João de Brito
Neste momento só quero mesmo terminar os meus dias de professora com dignidade: continuando a ensinar o que sei e a educar como sei. Não sei é se a minha dignidade se "inscreve" num papel, dos muitos que sou obrigada a conhecer... Temo que as mudanças que são necessárias ao restabelecimento do "habitat" do conhecimento e do desenvolvimento não me apanhem já em vida útil.
ResponderEliminar