domingo, 16 de outubro de 2011

Funcionários Públicos, essa corja de malandros!




Sus! A eles! Ao cadafalso, já! Preguiçosos, mandriões, parasitas da sociedade, irresponsáveis, ladrões do erário público que só querem é discutir a bola à segunda-feira, absentistas e mal-criados, enfim, tudo o que se arranjar para os diabolizar é pouco...

Mas, quem são os Funcionários Públicos?

Terão sido eles que afundaram o BPP? Terão sido eles que delapidaram o Estado em cerca de 5 mil milhões de Euro no caso BPN? Foram eles que se locupletaram com os lucros chorudos das parcerias público-privadas? São eles os beneficiários ou os autores dos escândalos Freeport, Sobreiros, Submarinos, Face Oculta, Furacão e tantos outros “negócios” que enchem a mula a muita gente, que tanto quanto sei, não é funcionário público.

Serão eles, por acaso, os que recebem duas e três reformas chorudas por terem ajudado a delapidação do bem comum? Serão eles que recebem os obscenos prémios de gestão das empresas, essas sim, públicas, mesmo que continuem a dar prejuízos?

Não, meus amigos. Os funcionários públicos são outra gente. São gente de trabalho, são gente que até tem de suportar todo este desaforo, até de quem os dirige e que, pasme-se, nem são funcionários públicos! Os funcionários públicos são os Polícias, os GNRs, os Professores, os Médicos, os Juízes, os Administrativos que os apoiam, são os que trabalham nas Autarquias, são os Inspectores que velam pela qualidade dos alimentos e da água, em muitos sítios são os que recolhem o lixo que fazemos, são os que nos dão as informações do estado do tempo, são as pessoas ligadas aos museus e à cultura. Estes são os funcionários públicos!

E são estes a quem não se pede qualquer sacrifício para corrigir o desmando dos outros. Aos funcionários públicos, obriga-se, altera-se a lei e...já está. Saca-se-lhes o subsídio de Férias, o subsídio de Natal, reduzem-se os salários, congela-se a progressão nas carreiras. Quais direitos adquiridos, qual quê, isso é só para os senhores do capital e do poder que continuam com todas as mordomias como se nada fosse e para os quais nunca se pode alterar a lei que os possa “prejudicar”. É esta a Democracia que estamos a ter.

Coitados dos funcionários públicos. Agora até dizem que ganham mais 10 a 15% que os da privada! Esquecem-se que mais de 60% dos ditos funcionários públicos têm cursos superiores e exercem essas funções. Não devem querer que um Capitão do Exército ganhe o mesmo que um agente de uma empresa privada de segurança ou que um Professor possa ganhar o mesmo que um empregado de balcão numa qualquer loja, por exemplo.

E porque não, em vez de se diabolizar os funcionários públicos, começar a reduzir a despesa do Estado acabando com Institutos, Fundações e outros Organismos que só sorvem dinheiro e que pouco ou nada fazem de interesse verdadeiro para a comunidade? Este poderia ser mais um dos caminhos para reduzir despesa e não continuar o ataque a quem nada tem e ver com o assunto. O funcionário público tem de contribuir tanto como qualquer outro cidadão para o bem comum. Nem mais, nem menos!

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Politicamente Incorrecto (3)

Fundação Calouste Gulbenkian

FUNDAÇÕES E ORGANISMOS AFINS

 Tenho a impressão que Portugal deve ser o país onde haverá  mais Fundações e Institutos por metro quadrado do que em outro lado qualquer. Mas afinal para que poderão servir estas instituições? Em princípio, têm duas origens distintas: umas são públicas e outras são privadas mas, o seu objectivo deveria ser o mesmo, isto é, instituições sem fins lucrativos e que pudessem contribuir para a melhoria do Conhecimento, das Artes, da Ciência e Investigação Científica, da Defesa de Causas Sociais enfim,deveriam ser a vanguarda dos Valores e das Ideias com que as Sociedades se desenvolvem e se tornam mais solidárias e humanas.

Claro que, como ajuda do Estado a estes nobres objectivos, beneficiam de inúmeras benesses e facilitismos que deste modo, além de contribuirem para o seu funcionamento também representam o reconhecimento devido ao seu trabalho.

Posta a questão nestes termos, parece tudo muito altruista e belo mas, será que é mesmo assim que as coisas funcionam? Claro que não.

Se os Institutos Públicos são locais priviligiados para a colocação dos amigos e obtenção de mordomias de outro modo difíceis de conseguir, se a maior parte das suas acções é perfeitamente dispensável à sociedade e por vezez conflitual entre si, se na relação deve-haver ficam muito mal na fotografia, só há um caminho a ser trilhado: reestruturar e melhorar o que vale a pena e extinguir todos os outros, o mais rapidamente possível.

Quanto às Fundações, falo agora das privadas, tudo fia mais fino. Hoje em dia qualquer bicho careta lega em testamento ou cria mesmo em vida, uma Fundação, algumas mesmo com um capital miserável e imediatamente toca de se encostarem ao Estado, usando todo o jogo de influências que parece que agora será criminalizado (será mesmo?) para o efeito. E é bem fácil! Primeiro cria-se a Fundação e depois arranja-se maneira de se fazer um ou mais protocolos com o Estado para que seja este a pagar, afinal de contas, o âmbito das suas acções! É a galinha dos ovos de ouro! Só será preciso mais uma pedra de toque para que o quadro fique completo que é o discurso anti-Estado, que o Estado gere mal os seus dinheiros, que deve haver menos e melhor Estado mas, já agora, venha de lá a massaroca...

Fundação, é a Fundação Calouste Gulbenkian. Um verdadeiro oásis e um farol no que deve ser, de facto, uma Fundação. A Gulbenkian dá, cria, subsidia, comparticipa, inova, mantém e tudo sem ser o Estado a pagar as actividades por ela desenvolvidas! Bem pelo contrário, inúmeras vezes é a Gulbenkian que paga as necessidades doa serviços públicos!

Pela mesma razão que atrás invoquei a propósito dos Institutos, também nesta área se deve separar o trigo do joio, mas há tanto joio mascarado de trigo...e tanto lobby de pressão instalado, que será bem mais difícil usar a vassoura.


Champalimaud Centre

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Politicamente Incorrecto (2)


Hospital de S. José
SAÚDE

Há por aí uns arautos que dizem defender o Serviço Nacional de Saúde mas, de há muito a esta parte, tanto PS como PSD/CDS se têm multiplicado em iniciativas que mais não visam senão a sua destruição. É bom não esquecer que antes do dia 25 de Abril de 1974, só uma parte reduzidissima da população tinha acesso pleno a cuidados de saúde fornecidos pelo Estado, já que a maioria da população tinha que os pagar do seu próprio bolso.

Assim, há que terminar com esta presunção de “todo o cidadão ter direito a uma Saúde gratuita”, porque de outra forma mata-se a galinha dos ovos de ouro. E vai daí, toca a começar por algum lado. Com o compadrio da Ordem dos Médicos começou por se tocar num dos aspectos fundamentais: o “Senhor Professor”, quando Primeiro-Ministro, acolitado por essa visionária que foi Ministra da Saúde, resolveram implementar os célebres numerus clausis de acesso à profissão, que hoje em dia põe à vista de todos, as suas consequências.


De seguida, mais uma machadadazinha ao mudar-se a designação de Serviço Nacional de Saúde para Sistema Nacional de Saúde, de modo a desta maneira, poderem ser englobados os privados, neste conceito abrangente. A seguir, vem a alteração de se passar da expressão “gratuito” para a expressão “tendencialmente gratuito” ou seja, por outras palavras, tendencialmente pago!

Vem também mais uma peça do puzzle da destruição que foi o acabar-se com as Carreiras Médicas e tudo o que de bom se passou no nosso País na área da Saúde. Coitado do saudoso Professor Miller Guerra, entre outros, subscritor do célebre relatório das carreiras médicas que esteve na génese da criação do SNS!

Mas como ainda não estivessem satisfeitos, resolveram transformar os Hospitais em EP’s (Empresas Públicas), como se a Saúde fosse um negócio (que pelos vistos até é) e entregar a sua gestão a indivíduos que a primeira coisa que fizeram foi quintuplicar os ordenados e as mordomias dos gestores, bem como o seu número e colocar nesses lugares quem de Saúde pouco percebe e os que percebem alguma coisa, percebem-na pela parte do vil metal, esquecendo-se que no meio de tudo está o doente que não é propriamente um parafuso ou uma porca que se fabrica em qualquer vão de escada.

Mas há mais! Resolveram criar critérios de eficiência (que pelos vistos só têm aplicação nos serviços ainda públicos), que têm levado, por exemplo, ao encerramento de Maternidades, com o argumento de que com menos de 500 partos por ano, os médicos que aí trabalham não podem adquirir a experiência necessária ao exercício do seu mister. Assim, toca a fechar as Maternidades mas, ao mesmlo tempo também se aprova o alvará que permite que nesse mesmo local possa funcionar uma Maternidade privada! Será que os Homens começaram a parir para que o número de partos aumente?

Agora são as chamadas parcerias público-privadas, que têm levado o País à ruína e algumas das mais importantes são as da área da Saúde, são os constrangimentos salariais que levam ao abandono maciço dos médicos especialistas das unidades em que trabalham e à desmotivação dos que vão ficando. Agora já se fala abertamente, de encerrar serviços e contratá-los com privados, fazendo com que o Estado gaste duas vezers, ou então, o que é mais grave, é pôr cada um a pagar a sua saúde. Só quem nunca esteve verdadeiramente doente é que pode sequer imaginar que o comum dos mortais tem posses para custear as suas despesas nesta área. Para vos dar um exemplo, infelizmente tão frequente, basta lembrar o custo do tratamento de um queimado!

Enfim, muito ainda há para ser dito a este respeito mas, ficará para uma próxima oportunidade. Por agora já existe matéria suficiente para que se possa reflectir sobre aquilo que se pretende fazer à Saúde em Portugal.

Hospital da Luz

sábado, 9 de julho de 2011

Politicamente Incorrecto (1)


Escola Primária Nº1, a primeira Escola Pública criada em Portugal após a implantação da República, com o apoio da Maçonaria.
EDUCAÇÃO


Hoje vou iniciar um conjunto de textos que já tenho pensado há uns tempos e que intitulo “Politicamente incorrecto” por apresentar uma forma de ver os assuntos, em contra-corrente com o que é o discurso actual mas, com o avançar dos anos, já me posso exprimir sem qualquer constrangimento ou receio de ser apelidado de isto ou daquilo. O meu tempo de vida e a minha conduta falam por si e, por isso já não tenho de provar nada a ninguém. Vamos então ao tema de hoje.


Não tenho nada a ver com a Educação mas pertenço a uma família de professores e, no meio deles tenho vivido, pelo que assisto a todas as suas angústias e frustações, a todos os seus temores e impotências, a todas as suas revoltas e a todo o seu cansaço.


A minha primeira noção é de que o sitema de ensino do chamado Estado Novo (ensino primário, liceal e técnico) era excelente. Estava bem estruturado, toda a gente sabia qual o seu lugar dentro do referido sistema e tudo funcionava com regularidade. Em relação aos tempos de hoje, haveria que fazer duas alterações básicas fundamentais: modificar os conteúdos das disciplinas de História e de Português, por motivos óbvios e adaptar os novos conhecimentos às matérias a ensinar; universalizar o sistema, já que no meu tempo era muito restricto o número de alunos que o frequentavam e o que se pretende é que todos o possam fazer.


A segunda noção é de que a parte mais importante do sistema de ensino é o professor! Ele é a referência e ele tem de ser a autoridade. Isto de se tentar que o “aluno é quem determina” só tem trazido indisciplina, anarquia e falta de respeito ao interior das Escolas, bem como o facilitismo e a falta de exigência na aprendizagem.


Em terceiro lugar há que ter a noção que nem todos os alunos podem adaptar-se ao mesmo sistema e que por isso se deve procurar, dentro do mesmo sitema, uma alternativa para estes casos e não, misturá-los anarquicamente numa sala de aula pois a consequência é por todos conhecida: a bagunça total! Como é possível haver numa sala de aula alunos de 9/10 anos em conjunto com outros de 14/15 e com toda a carga negativa que normalmente estes transportam consigo,  o que faz com que toda a turma seja prejudicada na sua aprendizagem.  Posso contar centenas de histórias a este respeito e todas no mesmo sentido.


Em quarto lugar a desmitificação destes governantes que temos tido, no que se refere à conversa da defesa do ensino público. Faz-me rir estas teorias quando confrontadas com as práticas governativas. Por um lado fecham-se escolas com menos de 20 alunos, o que acho uma boa medida, e por outro pretende-se subsidiar a presença dos alunos no ensino privado, no local onde não há ensino público (em breve até parece que será para ser subsidiado tudo o resto), o que aliado ao facto de as escolas públicas serem obrigadas a aceitar todo o tipo de alunos, só irá contribuir para que cada vez mais escolas privadas apareçam (com os subsídios) já que os pais terão tendência a tirar os seus filhos do ensino onde cabe todo o tipo de delinquência e indisciplina e, assim se diz que se defende o ensino público! E é também assim que se quer comparar os rankings das escolas!


Em resumo e para terminar, direi que não teremos grande futuro como País, se não apostarmos num ensino eficaz e exigente e isso não se consegue da forma em que se está.


Entrada principal do Colégio S. João de Brito

segunda-feira, 30 de maio de 2011

A Terra da Utopia 2


Hoje escrevo um segundo episódio sobre este tema e, para não variar, aqui vos deixo a capa do DVD do filme "Um Homem para a Eternidade! (A Man for all seasons), interpretado magistralmente por Paul Scofield, o primeiro filme que fez e que lhe valeu de imediato um Óscar para a melhor interpretação masculina, a biografia de Thomas More.
Os exemplos contrários ao sentido da Vida defendidos por Thomas More, continuam a suceder-se em catadupa, uns atrás dos outros. Já depois de ter escrito o episódio 1, ouvi na TSF uma nota, notícia ou crónica, já não sei bem o quê, que relatava o seguinte: segundo informações dimanadas da CMVM, havia pelo menos trinta pessoas que ocupavam mil cargos em diversas empresas privadas ou seja, uma média superior a 33 lugares por cada indivíduo!!! Ora, como estes lugares são sempre bem remunerados, imagine-se o regabofe que por aí grassa.
Mas, para acrescentar a esta vergonha, estes senhores não se coibem de aparecer em público a emitir doutas opiniões sobre a falta de competitividade do mercado de trabalho porque os trabalhadores trabalham pouco tempo (uma média nacional de 39 horas/semanais), ganham muito (uma média nacional de 750E/mês para quem tem a sorte de estar empregado) e que por tais motivos, é necessário alterar as leis laborais no sentido de ser mais fácil o despedimento individual bem como reduzir as indeminizações devidas e se possível pagas, pelo menos em parte, por um fundo a criar com dinheiros descontados dos próprios trabalhadores! Nem mais!
Pois são estes seres abjectos (não podem ter outra classificação) quem comanda os destinos de milhões de pessoas em todo o mundo, já que esta cartilha parece ser universal, até um dia...e depois, espero que não digam que "hay brujas"...
Como outro exemplo desta vergonha: uma vez tive de ir a uma assembleia-geral de um organismo público já que tinha aí lugar por inerência de funções que exercia na altura e, a presidir à reunião, estava uma figura pública bem conhecida que dizia em tom de brincadeira que, esta reunião era das que mais facilmente se levava em comparação com as outras mais dezassete a que presidia! Mas o mais espantoso é que se tratava de uma pessoa que fez votos perpétuos de pobreza, visto pertencer a uma Ordem Religiosa que a isso obriga! Claro que ele provavelmente nada receberia mas, a instituição a que pertence, receberia de certeza pois só assim será possível andar em BMW do último modelo, ir a tudo o que é recepção de vernissage social, etc,etc. E depois...prega-se a moral para os outros!
Enfim, qualquer dia sou acusado de ser um perigoso agitador feito com alguma seita especial:-)))

quinta-feira, 26 de maio de 2011

A terra da Utopia 1


Embora a capa do livro de Thomas More que escolhi para dar alguma côr a estas notas, não esteja aqui representada senão pelo título da obra que serviu de inspiração para este artigo, a vida do próprio autor ilustra bem, e de que maneira, o sentido do dever e da honra de um Homem.
De facto, era muito bom que todos nós agíssemos como Thomas More mas, infelizmente, os exemplos contrários e chocantes, sucedem-se todos os dias e a um ritmo assustador. Não consigo imaginar quais poderão ser as consequências destes comportamentos na evolução da nossa Sociedade mas, não auguram nada de bom.
Resolvi escrever alguns artigos, versando esta problemática nem que seja para aliviar a minha consciência por poder partilhar com quem me possa ler, uma parte das minhas angústias e desilusões.
Este primeiro artigo vem a propósito do caso recente de uma Juíza que foi apanhada a conduzir em contramão e com um grau de alcoolemia no sangue, três vezes superior à taxa permitida por lei. Esta cena ter-se-á passado em Cascais, segundo relataram os órgãos de comunicação social.
Até aqui, tudo bem, ou aliás, tudo mal, pois esta senhora deveria ser uma das que devia dar o exemplo de comportamento cívico e de respeito pela lei que ela, mais do que qualquer outro, deveria respeitar. Mas, o que é espantoso e que me levou a escrever estas linhas, é que a dita senhora, ao ser presente ao Tribunal foi "despronunciada" com o argumento de que a Polícia Municipal não tinha competência para agir pois o crime em causa não tem uma moldura penal superior a três anos! Quer dizer que os senhores juízes podem infringir as regras à vontadinha, desde que elas não possam ter punições de mais de três anos?
De facto, vivemos um tempo em que, por muito que nos queiram dizer o contrário, nem todos os cidadãos são iguais perante a Lei! Há de facto, cidadãos de 1ª e outros de 2ª ou até de 3ª categoria!
Com exemplos destes como se poderá querer que o comum dos mortais respeite o que quer que seja? Como se pode pretender que um indivíduo seja cumpridor e zeloso do bem público? Claro que haverá logo quem venha justificar a situação com as alegações do costume: é o que vem na Lei! Só que as leis são feitas pelos homens e para os servir com justiça e igualdade e não com estas excepções à regra que vão sempre no mesmo sentido de proteger aqueles que o não merecem!
Já aqui há tempos se passaram mais dois casos nesta área do trânsito e tratados igualmente de forma diferente dos casos dos cidadãos comuns: os casos com os futebolistas Luisão do Benfica e Grimmi do Sporting. Também para eles os pesos e as medidas foram diferentes do que para os outros!
Cabe perguntar: com estes exemplos e estas decisões encomendadas, como se quer que não haja corrupção?

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Cada vez mais...desilusão!




Ontem, último dia da Feira do Livro de Lisboa, lá fui eu e a Madalena cumprirmos o ritual de todos os anos lá dar um saltinho. Desta vez porque a Madalena queria comprar o último livro da Alice Vieira e, como sabíamos que ela lá estava...vai daí e venha a dedicatória. Aproveito para dizer que a Alice Vieira é uma pessoa sempre simpática e afável, disposta a interagir com os seus leitores, uma escritora bem agradável, quer pela escrita de todos conhecida, quer pela pessoa humana que ela é. Obrigado Alice.
Tudo o mais é cada vez maior a desilusão e a frustação! A Feira do Livro (qual Feira?) actual, de Feira do Livro já não tem nada.
A começar pelo tamanho que nestes anos começou a ser demasiado grande e portanto, cansativo e repetitivo. Depois, porque a filosofia parece ter mudado de vez. Agora já não interessa promover nem o livro nem a leitura mas sim, vender, vender...
Mas o mais espantoso é que mesmo para "vender", onde estão os preços mais baixos que dantes havia neste certame? Agora, até nos supermercados se compra com maior desconto do que na Feira!
Livro do Dia onde páras? Os poucos quiosques que os têm, só apresentam livros que não têm qualquer interesse mas, a maior parte já nem isso faz.
É pena que a Feira esteja como está. Dantes (e creiam que isto não é saudosismo) era imensamente agradável passear-se pela feira, ver e comprar, pois aí se encontravam preços mais acessíveis e tínhamos a possibilidade de adquirir ainda melhor com a promoção de alguns livros do dia.
A foto que coloco junta é de 1966, no meu primeiro ano em Portugal, com a minha irmã Tininha. Foto tirada por esse enorme fotógrafo que foi Benoliel, na altura a trabalhar para o extinto Diário Popular, onde foi publicada sob o título: "Para todas as idades...o Livro". Reparem na quantidade de livros que já tinha comprado. Agora...Ah, aquele que estamos a observar é "O Cardeal" de Henry Morton Robinson, um excelente livro aliás e que também foi mais tarde passado ao Cinema.
Pobre Feira do Livro, o que te fizeram!

sábado, 7 de maio de 2011

Expofoto AMW (ArtManWorks)


Terminou na sexta-feira passada, a exposição de fotografia organizada pela AMW, neste caso pelo nosso prof. Artur Nogueira, de trabalhos executados pelos alunos de diversos cursos. O evento realizou-se nas instalações da P.T. da Rua Andrade Corvo e teve uma participação bem interessante.
Creio que foram expostos cerca de trinta trabalhos, sem qualquer pretensão e sem nenhum tema definido à partida. Havia fotografias para todos os gostos e algumas delas bem interessantes quer pela sua originalidade, quer pela sua qualidade técnica, quer até pelo seu trabalho em software.
Foi a primeira vez que participei num evento deste tipo e...gostei! A minha foto é a que encima este post e foi tirada na Rua do Carmo, no Chiado, em Lisboa, numa tarde em que por lá andava com o meu filho mais novo, o Rafael. Ao sairmos dos "Armazéns do Chiado" ouvimos uma banda a tocar e muita gente à frente a ouvir. Além do mais ia a passar um carro da polícia que afastava toda a gente, inclusivé os próprios músicos que tiveram que se deslocar para o passeio. No meio daquela confusão, lá consegui sacar a minha pequena máquina (a Panasonic LX30) e fazer dois ou três disparos, empurrado por todos os lados e sem grandes possibilidades de enquadramento e de composição da mesma.
O resultado está aí, a Kumpania Algazarra, assim se chama a banda, embora um pouquinho desfocada foi a foto que a Madalena escolheu como sendo merecedora de figurar na exposição. Claro que a tive de trabalhar um bocadinho para lhe limar algumas arestas mas creio que o resultado final é bem agradável,
A seguir à inauguração da Expofoto AMW, seguiu-se um convívio num jantar na Tasca do Manel, junto ao Miradouro de Santa Luzia, onde pudémos receber os nossos diplomas do Curso bem como conhecer melhor os colegas de outros cursos. Foi bem agradável.
De facto, a fotografia preenche um espaço importante das nossas vidas e, agora na reforma ainda mais. Aconselho vivamente a frequência de uma iniciação como esta para que se possa tirar um melhor partido das nossas "artes fotográficas".
AMW-ArtManWorks

segunda-feira, 28 de março de 2011

Triste e envergonhado



A fotografia não é minha mas espelha perfeitamente o que sinto neste momento pelo meu Sporting!
De facto (desculpem lá os defensores do acordo ortográfico) é muito triste ver que o medo, a desinformação, a ignorância e o atavismo das pessoas continua em maré alta neste nosso País. As eleições no Sporting mostraram isso mesmo. Ganha as eleições quem tem a maioria dos votos (não de votantes) de quem não vai ao futebol, não vive os problemas do clube, de quem se fecha em casa mas que, dada a sua antiguidade como sócio, tem um maior número de votos. Eu sei bem o que estou a escrever pois, eu próprio tenho muito perto do máximo de votos que se podem ter.
Pois os "velhinhos" mais uma vez escolheram o medo como refúgio dos seus votos, a ignorância do que se vive no estádio aonde não vão e o seguidismo do "stablishment" dos nomes pomposos e dos senhores-com-influência...Em suma, o Sporting perdeu mais uma vez!
Como vai ser possível ao Sr, Engº, poder apresentar-se em Alvalade para assistir aos jogos, sendo sujeito a vaias e insultos permanentes da maioria esmagadora dos sócios que não o queriam e que são os que vão ao estádio? Vai ser engraçado de se ver e, desde já lhe dou um conselho: reforce  a verba necessária para a segurança ou então proiba os adeptos de se apresentarem no estádio...
Como é possível querer-se que se possa aceitar como Presidente um indivíduo que só entrou para o Clube há cerca de 17 anos (era Roquete) para ir ganhar dinheiro a fazer o Estádio que ainda por cima derrapou em quase 80% a mais nos seus custos, e que depois se voltou a esquecer do Clube? Até essa altura não sabia que havia um clube chamado Sporting?
Como é possível que se escolham pessoas que estiveram e ainda estão sob a alçada da Lei em crimes de peculato, falsificação e desvio de dinheiros?
Como é possível ter-se dado um voto de escolha a pessoas que têm sido um autêntico desaster na gestão dos activos do clube? Veja-se só quem foram os responsáveis pelas aquisições de Purovic, Grimi, Bueno, Celsinho, Pinilla, Spehar, Kmet, Tello e mais outros tantos, que só deram prejuózo ao clube e que escondem, alguns deles, negócios bem pouco claros?
Pois bem, parece que é esta gente quem se prepara para continuar a desgraça!
Para onde vais, Sporting?
Daí o ter escolhido a fotografia que encima este meu artigo, que ilustra bem a vergonha que a maioria dos sócios tem neste momento. Acorda Sporting!

P.S.- Não posso deixar de condenar todas as cenas de violência que vi pela televisão mas que também elas poderiam ter sido senão evitadas totalmente, pelo menos atenuadas por quem conduziu o processo eleitoral.

terça-feira, 22 de março de 2011

No poupar é que está o ganho


Muito se tem falado na crise e nos PECs para a resolver/controlar e todos nós ficamos cada vez mais confusos com o que se passa na realidade. As pessoas que como eu não são da área da Economia e Gestão, surpreendem-se todos os dias com o que se aprova e tenta pôr em prática, com vista à sua solução mas, para meu espanto (devo ser um perfeito imbecil) pouco vejo em medidas destinadas a diminuir a despesa do Estado, e pouco ou nada de correcção ao ainda maior endividamento das Empresas e dos Particulares.
O meu pai sempre me ensinou um princípio que me parece basilar e de bom senso em tudo o que se refere a questões de dinheiro: quem não tem dinheiro...não tem vícios! Mas, parece-me bem que este princípio foi completamente descurado por todos e, agora, aqui d'El-Rei.
Não consigo compreender como, em todas estas medidas, não se ataque com seriedade e firmeza a despesa supérflua do Estado e apenas se tomem algumas medidas de cosmética, deixando por resolver o problema de base.
Assim, e mesmo sujeitando-me a ser apelidado de demagogo (é o costume para quem defende aquilo que vou escrever) há uma série de medidas que ajudariam a reduzir definitivamente muitas das despesas do Estado, a saber: 1 - Diminuição do número de deputados no Parlamento, para o mínimo previsto na Constituição; 2 - Acabar com as mordomias de quem tem direito a reformas chorudas por meia dúzia de anos de trabalho; 3- Reduzir ou mesmo acabar com as Consultodorias Externas a que o Estado passa a vida a receorrer apenas para alimentar alguns escritórios de advogados bem colocados na nossa praça; 4 - Fixar tectos salariais para os Gestores Públicos de molde a que ninguém pudesse ganhar mais do que o Presidente da República e sem as benesses escandalosdas inerentes aos cargos (cartões de crédito, água, luz, gás, casa e segurase saúde, entre algumas delas); 5 - Reduzir os cargos superiores das Forças Armadas para metade ou menos ainda pois parece-me que ao dar-se um pontapé numa pedra, sai um General ou um Almirante; 6 - Acabar-se com os Governos Civis, 7 - Acabar-se com as Empresas Municipais como tal, que só servem para aumentar as despesas do erário público; 8 - Renegociarem-se as parcerias público-privadas para serem transformadas en contratos decentes e justos e evitar-se assim o esbulho dos dinheiros públicos; 9 - Reduzir-se o número de pessoas nos Conselhos de Administração da coisa pública; 10 - Acabar-se com alguns dos escândalos da Função Púiblica, como seja a vergonha do subsídio de residência aos Juízes da maneira que é feito; 11 - Acabar-se com essa nefanda figura das entidades de regulação que nada fazem senão servir os interesses de quem regulam e não o dos cidadãos; 12 - Fundir/ encerrar Institutos Públicos para os quais não se vê utilidade tendo em vista o que custam a todos nós; 13 - Reequacionar-se toda a política de apoio às "Fundações" que só servem para parasitar o Estado, com a honrosa excepção da Fundação Calouste Gulbenkian, essa sim, uma verdadeira Fundação.
Aqui estão enumeradas uma série de medidas que permitiriam poupar mais de 3-5% do PIB! E agora falem em demagogia!
Ficará para um outro escrito, a enumeração de algumas medidas do lado das receitas do Estado que também contribuirão para reduzir ainda mais o déficite público mas, pelo lado das receitas como por exemplo o taxar-se as mais valias em Bolsa.
Mas, por ora, fico-me por aqui apenas deixando a interrogação: será que estas medidas se fossem executadas não permitiriam evitar o tocar-se no ordenado de quem trabalha ou nas pensões de quem está reformado?
O Grafiti com o porquinho-mealheiro talvez ficasse bem mais gordinho com estas medidas:-)))

terça-feira, 1 de março de 2011

Ainda a Energia


Com a escalada dos preços do Petróleo que se está a verificar, devido aos acontecimentos no Médio Oriente, cada vez mais se torna necessário equacionar todo o problema das diversas formas de Energia.
Eu sei que devem estar a aparecer os grandes defensores da Energia Nuclear, não tarda mesmo nada!
Mas cá por mim, só em último recurso eu conseguirei aceitar a construção de uma central deste tipo pois, por muito que me tentem continuar a vender, os perigos são imensos quer na sua utilização/controle, quer no destino a dar aos resíduos utilizados.
Além do mais, eu tenho uma empregada Ucraniana que tem uma filha vítima de Chernobyl....e vejo bem o que isso representa.
Por isso, sou acérrimo defensor das Energias Limpas e devemos acelerar a sua implementação com prioridade absoluta sobre o resto.
Já imaginaram a vida sem Electricidade?
Neste momento, até a barragem em tempos prevista para Foz-Côa deve ser repensada. As célebres gravuras até podem ser ou preservadas debaixo de água ou serem cortadas da rocha (tipo do que se fez há largos anos em Abu Simbel no Egipto com a barragem de Assuão) e colocadas no Museu já construído, ou mesmo recriar-se um outro espaço para as colocar, como fizeram os espanhõis com as grutas de Altamira ou os franceses com as Grutas de Lascaux.
A fotografia da imagem é a da Central de Setúbal que julgo ser uma das de ciclo combinado, de combustíveis fósseis, importados e que por isso nos vão custando os olhos da cara, sem falar na dependência de terceiros a que isto nos conduz!
Apostemos nas alternativas...já!

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Afinal em que ficamos?


Cada vez percebo menos de toda esta controvérsia. Além dos fortes interesses em jogo, como de costume, parece-me haver muita informação e contra-informação exactamente com o objectivo de nos confundir cada vez mais.
Portanto, tento escrever estas notas com aquilo que julgo ser o bom senso, pelo menos o meu bom senso.
A energia é fundamental e imprescindível para todos nós. Já sabemos que as formas de energia que dizem ser mais baratas são as que se consomem e que portanto são finitas e que além do mais poluem o planeta e agravam a perigosidade do mesmo. A energia vinda dos combustíveis fósseis como o carvão, o gás natural e o petróleo, ou a energia nuclear parecem por demais evidentes exemplos do que disse antes. Agrava a situação a procura exercida cada vez mais pelos países com economias em franco desenvolvimento que necessitam de melhorar a qualidade de vida das suas populações e por isso cada vez consomem mais estas formas de energia.
Além do mais e até por essa razão, o preço destes combustíveis vai aumentando cada vez em maior escala o que torna o problema bem mais agudo.
As energias renováveis ou limpas, como a eólica, a fotovoltaica, a hídrica, a biomassa e eventualmente a da força das marés, além de durarem  o tempo que durar o planeta Terra e a estrela Sol, têm um outro ponto a favor: são de borla!
E é aqui que entra a minha perplexidade quando vejo as balanças de pagamentos ao exterior, vulgo défice das contas dos Estados, terem como factores superiores a 50%, o que se paga em importalção deste tipo de produtos sem contar com o igualmente grande investimento que se tem de fazer quer em infraestruturas quer na sua manutenção e a defesa intrasigente da manutençãop deste “status quo”!
Por muito que custe a instalação das centrais voltaicas ou eólicas ou as construções de barragens acho que é por aí o caminho pois além de não se pagar a “matéria prima”, não se fica dependente dos humiores de terceiros, contribui-se para a regularização do curso dos rios em caso de cheias, criam-se reservas de água potável, já tão escassa e que no futuro será sempre o maior bem da Humanidade, não se polui o ambiente e pode criar-se empregos no fabrico de tudo o que é necessário para o efeito, pois todos os países podem ter várias ou todas estas fontes diversificadas e alternativas.
Se, a tudo isto, se conseguir encontrar uma maneira de substituir o combustível dos transportes de modo a que estes possam pelo menos atingir as mesmas perfomances dos actuais, pelo menos no que respeita à autonomia e facilidade de abastecimento, então teremos aí uma nova Era, com certeza.
Só espero que o mundo caminhe neste sentido e depressa!