quarta-feira, 13 de julho de 2011

Politicamente Incorrecto (2)


Hospital de S. José
SAÚDE

Há por aí uns arautos que dizem defender o Serviço Nacional de Saúde mas, de há muito a esta parte, tanto PS como PSD/CDS se têm multiplicado em iniciativas que mais não visam senão a sua destruição. É bom não esquecer que antes do dia 25 de Abril de 1974, só uma parte reduzidissima da população tinha acesso pleno a cuidados de saúde fornecidos pelo Estado, já que a maioria da população tinha que os pagar do seu próprio bolso.

Assim, há que terminar com esta presunção de “todo o cidadão ter direito a uma Saúde gratuita”, porque de outra forma mata-se a galinha dos ovos de ouro. E vai daí, toca a começar por algum lado. Com o compadrio da Ordem dos Médicos começou por se tocar num dos aspectos fundamentais: o “Senhor Professor”, quando Primeiro-Ministro, acolitado por essa visionária que foi Ministra da Saúde, resolveram implementar os célebres numerus clausis de acesso à profissão, que hoje em dia põe à vista de todos, as suas consequências.


De seguida, mais uma machadadazinha ao mudar-se a designação de Serviço Nacional de Saúde para Sistema Nacional de Saúde, de modo a desta maneira, poderem ser englobados os privados, neste conceito abrangente. A seguir, vem a alteração de se passar da expressão “gratuito” para a expressão “tendencialmente gratuito” ou seja, por outras palavras, tendencialmente pago!

Vem também mais uma peça do puzzle da destruição que foi o acabar-se com as Carreiras Médicas e tudo o que de bom se passou no nosso País na área da Saúde. Coitado do saudoso Professor Miller Guerra, entre outros, subscritor do célebre relatório das carreiras médicas que esteve na génese da criação do SNS!

Mas como ainda não estivessem satisfeitos, resolveram transformar os Hospitais em EP’s (Empresas Públicas), como se a Saúde fosse um negócio (que pelos vistos até é) e entregar a sua gestão a indivíduos que a primeira coisa que fizeram foi quintuplicar os ordenados e as mordomias dos gestores, bem como o seu número e colocar nesses lugares quem de Saúde pouco percebe e os que percebem alguma coisa, percebem-na pela parte do vil metal, esquecendo-se que no meio de tudo está o doente que não é propriamente um parafuso ou uma porca que se fabrica em qualquer vão de escada.

Mas há mais! Resolveram criar critérios de eficiência (que pelos vistos só têm aplicação nos serviços ainda públicos), que têm levado, por exemplo, ao encerramento de Maternidades, com o argumento de que com menos de 500 partos por ano, os médicos que aí trabalham não podem adquirir a experiência necessária ao exercício do seu mister. Assim, toca a fechar as Maternidades mas, ao mesmlo tempo também se aprova o alvará que permite que nesse mesmo local possa funcionar uma Maternidade privada! Será que os Homens começaram a parir para que o número de partos aumente?

Agora são as chamadas parcerias público-privadas, que têm levado o País à ruína e algumas das mais importantes são as da área da Saúde, são os constrangimentos salariais que levam ao abandono maciço dos médicos especialistas das unidades em que trabalham e à desmotivação dos que vão ficando. Agora já se fala abertamente, de encerrar serviços e contratá-los com privados, fazendo com que o Estado gaste duas vezers, ou então, o que é mais grave, é pôr cada um a pagar a sua saúde. Só quem nunca esteve verdadeiramente doente é que pode sequer imaginar que o comum dos mortais tem posses para custear as suas despesas nesta área. Para vos dar um exemplo, infelizmente tão frequente, basta lembrar o custo do tratamento de um queimado!

Enfim, muito ainda há para ser dito a este respeito mas, ficará para uma próxima oportunidade. Por agora já existe matéria suficiente para que se possa reflectir sobre aquilo que se pretende fazer à Saúde em Portugal.

Hospital da Luz

3 comentários:

  1. Faz sempre falta pensarmos as coisas "por dentro". Por fora, nenhum de nós escapa e as experiências são muito variáveis, vão do pior ao melhor!!! Beijinhos. Vou partilhar no Facebook.

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  2. Avec alors par ici????!
    Enfim, para mim é novidade...
    Boa, Jorge!

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  3. Na mouche! Satizfaz tanto, ver quem sabe dissertar sobre este assunto, quando se prepara o assalto final à filosofia que presidiu à criação do SNS.Parece não subsistirem dúvidas de que vai mesmo ser suprimido. A campanha dos último dias nos jornais assim augura. Hoje, era que o médicos já foram ou vão ser advertidos para receitar menos. Com a devida vénia vou partlhar.

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